O que você pode fazer no Dia da Consciência Negra?


3 de dezembro de 2020

CAROLINA SOARES

Ano após ano, desde 2011, o Dia da Consciência Negra move a pauta nacional colocando em foco as questões que envolvem pretos e pardos no Brasil. Apesar de serem maioria na sociedade, correspondendo a 56% da população brasileira, eles ainda fazem parte de estatísticas que refletem o peso das desigualdades socio-econômicas do nosso país e nós precisamos falar mais sobre isso.

Vamos começar pelo mercado de trabalho, uma vez que estamos em uma plataforma em que o emprego e a carreira une milhões de pessoas em todo o planeta. Você sabia que, segundo o IBGE, pretos e pardos só ocupam 29,9% dos cargos de gerência no Brasil? E que, de acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) contabilizados pela consultoria LCA, o desemprego entre pretos e pardos chegou 15,5% em junho deste ano, enquanto que entre brancos, amarelos e indígenas esse número foi de 10,4%? Se falarmos apenas das mulheres pretas, pardas e indígenas a taxa de desemprego atingiu 18,2% no mês de  junho, contra 11,3% para as mulheres brancas e 9,5% para homens brancos.

Note que, mesmo com os impactos negativos da pandemia de modo geral, a população preta e parda é a mais atingida, com destaque ainda maior para as mulheres. Esses números, mais uma vez, mostram que precisamos urgentemente nos reinventar. Sim, falo de uma transformação na forma como entendemos nossas culturas corporativas e nos posicionamos para construir um mercado mais igualitário. Depois de quase 10 anos atuando com imagem para o varejo brasileiro, vejo com clareza como os estúdios ao longo de um século de fotografia comercial, retrataram uma sociedade irreal. As marcas de todos os segmentos também estão acordando para reverter o gap de dezenas de anos de racismo e exclusão. Esse é um movimento necessário e que só pode ser feito com propósito e atitudes concretas.

Há muitos caminhos a seguir. Ter metas de contratação para pretos, pardos e indígenas, como fez a São Paulo Fashion Week, é um deles. Priorizar profissionais mulheres e pretas, como fez a cantora Beyonce com a fotógrafa Kennedi Carter em suas fotos para a revista Vogue, é outro. Como falou sabiamente a nossa Supervisora de Conteúdo na Foto.Com, Jussiara Coelho, “as marcas, principalmente as que estão no topo da pirâmide, precisam entender a posição em que elas se encontram e usar o poder de circular por lugares onde a base da pirâmide não chega, normalizando a presença de pretos, gordos, LGBTQIA+ e indígenas em todos os lugares, como convidados, pessoas com conteúdo forte e importante a ser absorvido por todos e não tê-los apenas como faxineiros ou cozinheiras, como sempre acontece com os pretos, por exemplo”.

Acredito que esse movimento urgente de transformação deve ser abraçado por todos nós, independentemente do tamanho ou da verba da sua empresa. Conhecer o seu quadro de funcionários, promover um ambiente de respeito e acolhimento, além de trabalhar a diversidade o ano todo, não apenas nas datas comemorativas ou campanhas de marketing, são ações possíveis e necessárias. 

O que você pode fazer, hoje, no Dia da Consciência Negra, para dar o primeiro passo?


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